Suicídio | Luto | Escritoras relatam que luto pelo suicídio é diferente de outras perdas

Autoras destacam dor persistente, necessidade de diálogo e lembram que o suicídio é multifatorial, resultado de doenças e outros fatores.O

Suicídio | Luto | Escritoras relatam que luto pelo suicídio é diferente de outras perdas
📸 REUTERS/ADRIANO MACHADO/DIREITOS RESERVADOS

O luto provocado pelo suicídio é diferente de outras perdas. Essa é a percepção da escritora Andressa Arce, autora do livro No Dia em que Não Fui, que aborda o suicídio de uma jovem e as consequências emocionais para sua família. A autora viveu experiência semelhante à da personagem Alice, que presencia a meia-irmã tirar a própria vida.

“Eu realmente acredito que o luto se torna um patrimônio pessoal, íntimo da gente. É como se fosse uma ferida que não cicatriza totalmente. Vai doer de vez em quando, mas, com o tempo e a elaboração, é possível carregar essa dor com mais estrutura”, afirma Andressa.

A escritora destaca que, ao contrário de outras perdas, a memória de quem tirou a própria vida muitas vezes não é retomada com a mesma naturalidade dentro do ambiente familiar.

A psicóloga Luciana Rocha, que perdeu o marido por suicídio e lançou o livro Nem Covarde Nem Herói, reforça que falar sobre o tema é essencial:

“Dor compartilhada, dor diminuída. É preciso falar com quem você sente acolhimento, porque o silêncio só intensifica a dor.”

Luciana lembra ainda que não existem culpados, já que o suicídio é multifatorial, resultado de transtornos mentais e outros fatores combinados.

Entre 2023 e 2024, o Brasil registrou mais de 31 mil mortes por suicídio, segundo o Ministério da Saúde. O país contabilizou 17 mil casos em 2023 e 14 mil em 2024.

O atendimento gratuito está disponível em todo o território nacional. Pessoas que enfrentam sofrimento psíquico podem procurar um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), uma UPA, pronto atendimento ou uma unidade básica de saúde para iniciar o tratamento.

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