Feira de Santana | Ciência | Estudante de Feira de Santana desenvolve farinha terapêutica para aliviar enxaqueca em pessoas com autismo
Projeto será apresentado em feira científica nacional em Santa Catarina e propõe alternativa alimentar acessível e inovadora com base no aminoácido triptofano
A jovem estudante feirense de 17 anos, Gloria Esther Reis Serra de Oliveira está prestes a representar a cidade de Feira de Santana na Feira Brasileira de Iniciação Científica (FEBIC), em Joinville (SC), com um projeto que une ciência, empatia e inovação. Intitulado “Desenvolvimento de farinha enriquecida com triptofano como alternativa terapêutica para migrânea em indivíduos com TEA”, o trabalho propõe o uso da alimentação como forma de aliviar crises de enxaqueca em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A inspiração surgiu a partir de uma conversa com sua orientadora. Sensibilizada pela dificuldade de acesso a medicamentos relatada por uma pessoa com TEA, Sther iniciou uma jornada de pesquisas que revelou uma correlação importante entre alimentação, deficiência nutricional e crises de dor em indivíduos neuroatípicos. “Naquele mesmo dia comecei a buscar artigos e estudos. Descobri que muitos autistas sofrem com seletividade alimentar, o que gera deficiência de nutrientes importantes e influencia diretamente na produção de serotonina, que está ligada ao controle da dor”, explica.
A farinha desenvolvida por Sther é rica em triptofano, um aminoácido essencial responsável por estimular a produção de serotonina — neurotransmissor fundamental na regulação do humor, do sono e da dor. Estudos indicam que baixos níveis de serotonina podem desencadear ou intensificar crises de enxaqueca, especialmente em pessoas com TEA, que já possuem uma predisposição hormonal para essa condição.
O diferencial do produto está na forma como foi pensado: um alimento natural, sem glúten, versátil e adaptável, que pode ser incluído em preparações como bolos, cookies, pães e vitaminas — respeitando as preferências e limitações alimentares dos indivíduos com autismo. “A ideia é que a farinha seja incorporada à rotina alimentar da forma mais confortável possível, seja pela própria pessoa com TEA ou por seus familiares”, diz Sther.
Atualmente, a estudante realiza as análises físico-químicas do produto no laboratório da escola, com apoio técnico do professor Jefferson, seu coorientador. “Ele tem sido essencial na construção da metodologia, revisão de literatura e nas análises. É um apoio muito importante para garantir a qualidade científica do trabalho”, destaca.
Mesmo enfrentando desafios com a escrita acadêmica e o rigor metodológico, Sther tem se mostrado determinada. Esta será sua segunda participação em uma feira científica, mas a primeira em nível nacional e fora do estado da Bahia. A experiência representa não apenas um avanço na sua trajetória como pesquisadora, mas também um marco para a educação científica desenvolvida em escolas públicas de Feira de Santana.
Além da relevância científica e social do projeto, Sther busca apoio financeiro para cobrir os custos com transporte e estadia até Joinville. Interessados em contribuir com essa jornada podem fazer doações via PIX: (75) 99122-2833 (também número de WhatsApp para contato direto com a estudante).
“Quero mostrar que jovens da rede pública também fazem ciência de verdade. Esse projeto não é só sobre uma farinha, mas sobre dignidade, saúde e inclusão. É também uma forma de devolver à sociedade aquilo que a educação me proporcionou”, conclui.
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