Polícia / Avaliação / Delegado Yves Correia contesta dados de violência e destaca redução de homicídios em Feira de Santana

Yves enfatizou que as forças de segurança têm atuado de forma integrada e estratégica, com ações cirúrgicas e efetivas que resultaram na redução dos índices de homicídios em Feira

Polícia / Avaliação / Delegado Yves Correia contesta dados de violência e destaca redução de homicídios em Feira de Santana
📸Onildo Rodrigues

Durante a visita do governador Jerônimo Rodrigues a Feira de Santana nesta terça-feira (3), o coordenador regional da Polícia Civil, delegado Yves Silva Correia, contestou informações que apontam um suposto aumento da violência no município. Segundo ele, parte dos dados divulgados seria “distorcida”, pois incluiria ocorrências de outros municípios. Contudo, especialistas em segurança ouvidos pela reportagem alertam que a ausência de um sistema de transparência e padronização estatística dificulta aferir com precisão a real situação da criminalidade na cidade.


Correia argumenta que muitos casos registrados no Hospital Geral Clériston Andrade — referência regional que atende mais de 120 municípios — acabam sendo contabilizados como se tivessem ocorrido em Feira de Santana, o que, segundo ele, “distorce completamente a realidade”.


“Estão sendo inseridos dados de acidentes e ocorrências que não são de Feira. Isso passa a ideia de que a cidade está mais violenta do que realmente está”, afirmou.


Por outro lado, o delegado exaltou os resultados das operações policiais, afirmando que há uma queda histórica nos homicídios. Segundo ele, maio teve o menor número de homicídios em uma década, com 15 casos, resultado, segundo ele, de ações integradas entre as polícias Civil e Militar, com foco em inteligência e investigações cirúrgicas.


“A maior redução em 20 anos foi registrada em março. Não é acaso: é fruto de muito trabalho”, declarou.


Entretanto, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e entidades de defesa dos direitos humanos já alertaram anteriormente sobre a necessidade de uma central de dados unificada e pública, que permita à sociedade civil acessar informações completas sobre segurança pública. Atualmente, parte dessas estatísticas é de difícil acesso, alimentando questionamentos sobre a real extensão da violência na cidade.


O delegado também criticou a divulgação de dados não oficiais por veículos de imprensa e analistas independentes, afirmando que eles “criam um medo infundado na população e afastam investimentos”. Mas, especialistas consultados pelo Conectado News destacam que, sem transparência e cruzamento de dados, fica difícil afirmar com segurança se há ou não manipulação estatística.


Outro ponto que chama atenção é o fato de a própria polícia admitir que, mesmo com a redução de homicídios, grandes operações continuam sendo necessárias para conter facções criminosas. Um exemplo citado foi a recente prisão em São Paulo de um dos líderes de facção atuante em Feira de Santana, o que evidencia a dimensão interestadual do crime organizado que opera na cidade.


Sobre a transferência das delegacias especializadas para novos locais, o delegado informou que a medida visa otimizar o trabalho, aproximando as unidades de setores estratégicos, como a Polícia Técnica e a Delegacia de Cargas. Mas, para representantes de entidades comunitárias ouvidos pela reportagem, a mudança também pode impactar o acesso da população aos serviços policiais, sobretudo moradores de bairros periféricos.


Por fim, Yves Correia afirmou que ações de segurança pública precisam ser planejadas a curto, médio e longo prazo, defendendo o investimento em educação, cultura e oportunidades para jovens como forma de “quebrar o ciclo da violência”.


A reportagem questionou a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) sobre a possibilidade de ampliar a divulgação pública dos dados desagregados de criminalidade, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.


Com informações: Onildo Rodrigues

Por: Mayara Nailanne


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